terça-feira, 31 de agosto de 2010

Ma digestao (ou refeiçao remoida)

Sentei pra almoçar com um estranho.
Não tinha mais lugar sem estranhos.
apenas lugares com outros estranhos ou levemente conhecidos.
Mas nao meus.

Este era mais um desses.

Pedi licença,
(licença pra que?)
Ele concedeu.
(pra quem?)
Sentei, enquanto nao chegava meu numero.

Chegou o dele.
Pegou sua refeiçao.
Comeu.

Sabia que nunca o vira.
Nem tao pouco o veria novamente.

Ele acabou sua refeiçao.
Saiu.

A minha chegou.
Comi.

Outros estranhos sentaram em minha mesa.
Aguardaram outra mesa.

Outra mesa chegou. Sairam.
Mais estranhos se sentaram.

O meu apetite foi satisfeito.
Acabei.
Levantei. Não olhei pra tras.


Nunca mais vi nenhum dos estranhos.
Nenhum deles jamais me verá.

Tudo isso é normal.
Porém levemente desconfortável. acho.


(arroto o desconforto
de nao conseguir fazer diferente.)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Odeio tantas vezes, como agora, a forma que o tempo é subjetivo.
Dias parecendo semanas. semanas solitárias.
semanas de febre, dor, incomodo.

Sinceramente nao gosto de catarsear por aqui, essa coisa lamuriosa e chata.
Mas infelizmente nao tenho tido outra ideia genial de catarse.

Nao da pra ler direito, nao da pra assistir filmes, nao se tem amigos pra conversar, pra olhar nos olhos.

Nem nada muito produtivo tem vindo como ideias alem das mórbidas e de fuga.

Por que o mundo fica tao longe do meu quarto?

Se pelo menos fosse da febre delirante. mas é daquela que vem só pra prostrar e paralizar.

inferno.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

É impressionante, ainda, o poder da escrita enquanto catarse.

que puta alívio!

Ainda, ainda, que muita melancolia, acaba resultando em poesia...

eita...
É muito impressionante como a nossa historia fica forte quando nao estamos juntos.
Em pensar que estava só do seu lado. Agora estou só e com infinitas e importantes lembranças.
As vezes chego a pensar que deveria estar ao seu lado pra poder esquecer.
Nao sei se funcionaria ou se seria mais um ciclo de evitaçao de enfrentar inevitáveis conjunturas, situaçoes, sensaçoes, sentimentos, saudades, faltas, presenças, desejos, espelhos, sim, nao, duvidas, enfins, vai saber?

Mais uma vez o "esquecer de esquecer".
mais uma vez...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Cansado. e doente.

mas os ventos da mudança vao sussurrar pelo meu corpo
ajudando calmamente a por as coisas de uma maneira
diferente.

ja sinto a brisa do luar.

(que post menininha! uhahuuhahua)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Em busca da Ilha (deserta)? - I

Li certa vez que existem dois tipos de ilhas: as continentais e as oceanicas.
As continentais sao formadas a partir de fraturas, alagamentos, rompimentos desses pedaços com o continente.
As oceanicas, por sua vez, sao formadas de erupçoes, que se transformam em corais e eventualmente em ilhas.

Por sua vez dois novos territórios, desérticos agora, sao feitos ilhas.

Uma partenogenese. Um ovo nasce da terra/agua.

Todo esse processo, pra ter sentido, precisa de um observador ou desejante pretendente a habitante.

Toda mitologia, fantasia, começa. re-começa. um segundo nascimento da terra é possivel para o homem.

um segundo renascer do homem é possivel para a terra?
ou ela continuará desértica aguardando o seu re-nascer?
na pior das hipóteses, tudo terminaria como mais um simulacro, re-petiçao?

(mas repetiçao seria de fato uma repetiçao, ou seria quando realmente tudo ganharia sentido possivel?
Daí concursa-se à diferença?
Essa inapreensível?)